O corpo do pintor esteve em câmara ardente na quinta-feira, entre as 17:00 e as 24:00, na Capela de Emaús, na Igreja de Santo António do Estoril, onde na sexta-feira se realizou uma missa de corpo presente, seguindo depois o corpo para Chaves, onde teve lugar ontem a cerimónia fúnebre, na Igreja Matriz.
À saída da igreja, ouviram-se aplausos e assistiu-se à atuação de um coro infantil e de uma banda musical.
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, referiu-se ao pintor como um "exemplo", considerando ter sido um "privilégio" conviver com ele.
"Nunca me esqueço que Nadir Afonso manteve uma dimensão de identidade intensa, ao mesmo tempo que cruzava o mundo, mundo esse que o reconhecia com um homem singular", disse Assunção Esteves, acrescentando que "poderia mesmo dizer que se há um símbolo da síntese entre a identidade e universalidade, esse símbolo é Nadir Afonso no modo como conservou o sotaque de Chaves".
Assunção Esteves, natural de Valpaços, recordou que o pintor conservava o sotaque melhor do que ela o conservou.
"Estou muito feliz pela Assembleia da República ter aprovado um voto de pesar, por unanimidade, pelo reconhecimento do seu riquíssimo percurso, não só como artista, mas como homem", salientou.
O presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, caracterizou o artista como o "maior embaixador de sempre" da cidade.
Por esse motivo, frisou, os flavienses estão-lhe muito gratos, orgulhosos e sentem hoje uma "perda extraordinária".
"O mestre Nadir Afonso, como cidadão do mundo, nunca deixou de dizer que era de Chaves e que vinha cá todos os anos passar férias", afirmou.
A memória do pintor, segundo o autarca, ficará perpetuada na Fundação Nadir Afonso, situada numa das margens do rio Tâmega, num investimento de cerca de nove milhões de euros, que será inaugurada em julho de 2014.
O arquiteto Siza Vieira lamentou que o artista não possa assistir à inauguração da Fundação Nadir Afonso, obra da sua autoria.
"As obras estão na reta final, faltando os acabamentos interiores", referiu.
Sobre o projeto, Siza Vieira revelou não ter havido "trabalho intenso" de troca de impressões, porque havia coincidência de ideias.
A morte do mestre é, na opinião do prémio Pritzker, uma perda "muito grande" para a arte.
Nadir Afonso diplomou-se em arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e trabalhou com arquitetos de renome como Le Corbusier e Óscar Niemeyer, mas viria a trocar esta área pela pintura, alcançando reconhecimento internacional.
Foi distinguido com o Prémio Nacional de Pintura (1967), com o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (1969)e, ainda, condecorado com o grau de Oficial (1984) e de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2010).
Fontes:
Fotos: https://globalimagens.pt/pages
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