João Rodrigues das Fragas era, também, popularmente conhecido como “João das Fragas”. Desposou Aurélia Rita de Souza.
Este casal foi proprietário da então designada “Quinta dos Palheiros”, espaço geográfico onde hoje se situa o Palace Hotel de Vidago e a emblemática Fonte nº. 1.
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António Alípio Fraga (neto de João das Fragas) |
Na sucessão das várias gerações desta família sempre se narrou a história de que “João das Fragas” fazia constar de que nos terrenos dos seus “Palheiros” brotava uma água “muito especial”! “Quando se bebia arrotava-se, parecendo aguardente”! Também era de opinião que a “estranha água” não servia para regar!
Entretanto, corria uma versão, de discutível veracidade, de que Manuel de Souza (cunhado de João das Fragas, pois estava casado com Maria Joaquina Rodrigues Fraga, irmã mais velha de João das Fragas) seria a pessoa que teria descoberto as águas.
Porém, o mais lógico e verosímil é que a primeira pessoa que, efectivamente, se apercebeu da riqueza natural que projectou Vidago e a sua Estância Termal no País e no Mundo foi o proprietário da Quinta dos Palheiros, João Rodrigues das Fragas.
De qualquer forma, também é justo que se diga que Manuel de Souza (cunhado de “João das Fragas”) deu o seu contributo à divulgação da preciosidade encontrada. É que este vidaguense, e ao que sempre constou, padecia de problemas do foro gástrico. Numa ocasional passagem pelo terreno do cunhado (e num tempo em que, naturalmente, se podia beber água no chão) ingeriu alguma dessa água por ali dispersa. Alguns dos efeitos da ingestão das nossas águas minerais são quase imediatos – arrota-se e sente-se algum alívio no estômago! Manuel de Souza, não conteve a surpresa do que lhe havia acontecido e disso fez eco no meio social da, então, aldeia.
A partir daqui, e já com a povoação toda expectante quanto ao achado na Quinta dos Palheiros, a fidalgo, D. Júlia Vaz de Araújo, deu conta do sucedido ao então Presidente da Câmara de Chaves. O autarca providenciou 12 garrafas do líquido em questão, que enviou para Lisboa, a fim de o seu conteúdo ser analisado. O Professor Universitário incumbido da conclusão desse trabalho, logo apelidou o precioso líquido vidaguense de “Vichy Portuguesa”.
A este propósito recorde-se que no Hino de Vidago que, infelizmente, não é conhecido de muitos de nós faz parte a expressão: “Vichy Portuguesa”.
A fim de que possamos contextualizar os factos no seu tempo histórico devemos recordar que, João Rodrigues das Fragas, faleceu em 20 de Novembro de 1859 e as Águas de Vidago formam descobertas ou, se quisermos, redescobertas, em 1863. A expressão “redescobertas” só fará sentido se acreditarmos que já os romanos as conheciam e delas se tinham servido para cura das suas enfermidades!
A viúva de João Rodrigues das Fragas, Aúrélia Rita de Souza e as suas duas filhas, Clemência e Emília, herdaram a “Quinta dos Palheiros”. A apetência pela propriedade onde brotavam as Águas era tal que a Câmara Municipal de Chaves coagiu a indefesa viúva a vender à autarquia, parte da Quinta, o que terá conseguido, de forma mais ou menos ilícita, pois não foram protegidos os direitos das filhas, então, menores.
Quando as filhas atingiram a maioridade e tentaram, nas Finanças, formalizar a posse dos seus direitos (1/4) cada uma delas no que concerne à Quinta, depararam com o facto de sua mãe ter vendido, também, o que não podia. Ou seja a parte que, legalmente, cabia às suas duas filhas.
As filhas herdeiras de “João das Fragas”, entretanto de maioridade, moveram um processo à Câmara Municipal (existem documentos que comprovam este facto na posse da família) a fim de que fosse reposta a legalidade da transacção efectuada entre a Câmara e Aurélia Rita de Souza, sua mãe.
Paralelamente ao entusiasmo despoletado pela exploração da riqueza mineral encontrada movimentaram-se naturais interesses. Assim, o Conselheiro, Teixeira de Souza, tomou a iniciativa de criar uma empresa ligada à exploração e comercialização das águas. Sabedor da pouco clara aquisição do terreno por parte da Câmara, a Aurélia Rita de Souza e, também, conhecedor do processo judicial intentado por parte das jovens herdeiras prejudicadas no processo de transacção, o Conselheiro, Teixeira de Souza move, também ele, uma acção à Câmara que esta acabou por perder.
A devida legalização dos terrenos em causa só aconteceu após todo este imbróglio e já com a anuência das filhas de Aurélia Rita de Souza e sua mãe.
Entretanto, Amélia Rita de Souza faleceu e a sua parte coube, naturalmente, a todas as suas descendentes.
Como simples nota natural, mas curiosa, podemos referir que ainda consta, neste processo, o casal, José Manuel de Souza das Fragas (filho de João das Fragas e de Aurélia Rita de Souza) e sua esposa, Maria Joaquina da Silva Alves Teixeira (irmã do Benemérito vidaguense – Bonifácio Alves Teixeira).
Também é importante que se diga que é a partir do casamento de José Manuel de Souza das Fragas com Maria Joaquina da Silva Alves Teixeira que se cruzaram as famílias FRAGAS e ALVES TEIXEIRA, cuja descendência já atravessou os séculos XIX e XX e se encontra espalhada, por todo o País, até aos dias de hoje!
Depois da publicação em (28MAR18) do VÍDEO e NOTA INTRODUTÓRIA sobre Bonifácio Alves Teixeira e (30MAR18) ser publicada a peça, CURIOSIDADES SOBRE A FAMÍLIA ALVES TEIXEIRA fica, a partir de hoje e com a publicação de CURIOSIDADES SOBRE A FAMÍLIA DE JOÃO DAS FRAGAS, disponibilizada (em meu entender) informação preciosa sobre estas duas famílias que se cruzaram nas gerações de Maria Joaquina Alves Teixeira – irmã de Bonifácio e de José Manuel de Souza das Fragas – filho de João das Fragas.
A exemplo do que vem acontecendo reitero o meu, público, agradecimento à Dra. Helena Fraga Carneiro (descendente, materna, de João Rodrigues das Fragas e de Aurélia Rita de Souza) pela preciosidade dos elementos fornecidos e que permitiram a compilação deste texto que pretende ajudar a melhor compreender aspectos interessantes da Estância Termal de Vidago.
Em anexo a este documento estão disponibilizadas fotos da família de um neto de João das Fragas (António Alípio Fraga), da sua casa comercial de então, face à Estrada N 2 e, também, do jazigo em Vidago, onde se encontram depositados os seus restos mortais, os de sua esposa (Ambrozina de Oliveira Cruz) e alguns descendentes do casal.